quinta-feira, 20 de maio de 2010

Distúrbios de uma vida terrena




Calafrio, sussurros, desmentiras redescobertas,
Tudo faz parte de um universo que me sorve
Desvencilhando-me de tudo que acho certo
Sinto como se estivesse expelindo uma rocha
Entre a cabeça e o resto do corpo, por que
Esta dor que me atormenta, enche-me de pranto
Desfolhando em mim um novo ser, tão dotado
De desesperanças, que me impressiono com meu poder
Notavelmente cético.
Sensação diferente, como se minha vitalidade estivesse ameaçada,
Como se meu coração fosse chegar aos pulos por algo que
Agora pouco era tão estranho...
Mentira diferente aqui no peito, porque toda a minha vida
É uma hipocrisia. Sou hipócrita e vivo em uma nação hipócrita,
Talvez isso me faça tão normal.
Mais uma vez encontro-me doente, como se a dor que sinto
Fosse-me deixar presa neste mar de perdas e desilusões
Que me encontro, onde as pedras devoram-me como que
Por metragem, como se os desesperos terrenos fossem-me
Presentear em cada amanhecer, sem chances alguma de
Um erguimento. A dor que sinto hoje se resume em
Meu ceticismo, sonhos não existem, amores nem tampouco.
O que há é mentira, é ilusão, força sobrenatural que a natureza tem
De fazer com que as pessoas sintam que podem ser algo,
Que podem fazer alguma coisa por si mesmas, contudo
Não podem, não mais, não agora, porque tudo está perdido
Não há mais nada, e minha dor é maior que tudo isso,
É como se estivesse sendo morta aos poucos, de forma brutal
Como se alguém estivesse tirando de mim cada parte de meu corpo
De forma a doer tragicamente, porque isto foi apenas o que restou de mim,
Perdi meus sonhos e o que mais temo é por minha saúde mental.
Amores vêm e vão, acontece assim com as outras pessoas, mas também
Há aquelas que são bloqueadas para o amor, pessoas que vivem como
Hipócritas. Fiz mil e duas coisas na vida, a fim de encontrar meu real horizonte
O que encontrei foi apenas pó, vestígios de um caminho que deveria existir
Mas que o tempo e as arestas da vida trataram de exterminar.
Para esses fatos restou apenas a mim, um ser disperso, insolúvel e bastante
Mesclado em refúgios.
Refúgios que ultrapassam as 2 da madrugada, já são mais que isso agora, e
A única coisa que penso é em como dormirei, se meus pensamentos
Limitam-se a sofrer? O que farei para exorcizar de mim este eterno mal estar?
Meu sorriso é tão sincero, demonstra minha tristeza, que é tão imensa que
Faz-me pensar que de agora em diante, apenas chorarei e limitar-me-ei a isso.
Meu refúgio de nada me serve, ou serve e não percebo, porque tenho
Esse defeito qualitativo, não pareço querer perceber o que me ronda.
Esta sou eu, refugiando-se sempre da vida, dispersando-se no resto do universo.

Um comentário:

  1. Uma definição milimétrica, das coisas que rondam as noites dos poetas...
    Algo que paira entre a loucura e a sanidade. Muito bom!

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