quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Poesia de Presente


Tem, só pra Você
Um pedaço deste peito
Uma nesga de coração,
Daquelas pequenininhas
(Uma nesguinha!)
E é das mais frágeis, veja bem.
-Cuidado com o seu lar!
Saiba, a princípio,
Que não passa de um mero pedaço
Pequeno pedaço d'um pequeno espaço
Já lotado de tanta gente
Que este, por menor que seja
E por menores que sejam seus pormenores
Saiba, Amigo-meu:
Saiba que este espaço é somente seu.
E fique bem aí.

Está para depois das nuvens


É quando então constroem castelos pelo ar
Pra esquecer, deslembrar ou apagar.
Ou quem sabe para quando ao alto olhar
Os olhos poderem ver o que as mãos não irão alcançar
E então possas recordar,
Daquele trajeto todo que teve que andar
Vendo monstro, vendo flor, ouvindo falar
Que a historia esta prestes a se encerrar
Mas que a vida é tão forte que não se deixar entregar
Não esqueça quando ao céu teus olhos mirar
Que lá em cima, por depois das nuvens, estará.
A concretude do sonho da criança, a minar
Sobe os balançar do berço, balançar.
Para que tua mão tenha o que aparar
E teu peito em fim pare de chorar
E comece a correr, pular e cantar.
E viva o amor, para poder amar!

terça-feira, 28 de dezembro de 2010


Tudo entre nós é uma parte
à parte
Com cores e sons próprios
Apanhados do que vem de cada um
Liquidifica
E o que sai de mim é você
E o que sai de você somos nós.


Fernanda Paz

domingo, 26 de dezembro de 2010

À Luz de Velas.

Por mais braços que eu chegue a passar
Nenhum abraço encaixa como o seu
Por mais lábios que eu chegue a beijar
Nenhum beijo é tão doce quanto o seu

Mas meu maldito orgulho não deixa que eu te diga isso
Meu medo não me deixa admitir que talvez goste de você

E enquanto a coragem não chega
Eu sacio minha sede dos teus beijos no amargo gelado de uma cerveja qualquer
Insisto em te enterrar na minha alma
Como agora faço com a ponta do meu cigarro nesse cinzeiro
Apagar qualquer faísca de você que ainda exista em mim
Apesar da dor, quero que você desapareça
Como a dor de cabeça que eu vou sentir amanhã por causa da porra dessa ressaca.

Mas vai passar, sempre passa
Nada que uma xícara de café forte não resolva...
Vamos sair.
-Pr'aonde?
-Não sei, diga Você.
Ache algo bom a se fazer
Algo bom de beber nuvem...
Conversemos com os postes!
Embebidos em meio-sol,
De céu da cor de vinho-tinto
Do esmalte de minhas unhas.
-Bem, podia-se comer asfalto,
Ou quiçá beijar a chuva!
-Se bem que sei que minhas unhas
Não querem se perder a céu aberto
Absortas em adivinhar as nuvens
Ou lamberem um por-do-sol apontado.
É bem verdade que minhas unhas
Na mais fina, crua e pura verdade
Querem mesmo é perder a cor
Na Tua Pele.

Falta Aparente

Sinto uma saudade estranha, comos e tivesse havido a presença.
Sinto também um medo voraz, como se já tivesse havido a calma.
Verdades em mim, saudades em ti.

Sinto um desejo ardente, como se há tivesse havido o toque,
E um apetite estranho, como se já tivesse havido a fome.
Sinto sobretudo, um amor minúsculo.
E um maiúsculo.

Hoje está estranho para mim,
Basta somente um sinal para que eu me transforme
Em um vil metal.
Submissa.
Vulnerável.
Tua.
Eu fico estranho,
Vou ver como me resolvo.
Já fizemos isso antes,
Não espero o mesmo efeito.

Consigo ouvir aquela música,
Sinto outra coisa estranha, é bem verdade.,
Mas é isso mesmo, é isso aí.

Não há nada certo,
Não há nada errado,
Apenas especulações.
Não há nada novo, Salomão,
O mundo que acabou "indagora",
Havia acabado um mês antes também.

A gente nasce e se repete,
com o chiclete da moda, é claro,
"A gente nasce e se repete."

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Um breve poema de Luta

Aos que precisam de oportunidade
Mostro-lhes a luta
Aos que padecem da opressão
Mostro-lhes luta
Aos que, sem comida e água, matem-se á margem social
Mostro-lhes a luta
Aos que precisam de um motivo pra lutar.
Ofereço o contraponto, a contra-hegemonia.
Aos que precisam de fatos concretos.
Ofereço nossas bandeiras.
Aos que são alienados.
Entrego-lhes os óculos da verdade
Aos que não querem ver.
Sussurro ao pé d‘ouvido
Aos que não querem ouvir
Ofereço meus braços e abraços e estendo minha mão.
Aos que, ainda assim, resistem
Verão meus atos a seu favor

Mas há sempre os que se opõe:

Por que a luta não tem fim, nem tem começo
Nem é estática, parada feito gesso.
Por que o verdadeiro sentimento se chama mudança.
E nas entrelinhas, está intrínseco: esperança.

Por que a luta persiste no coração daquele que sonha. E sonha o homem que vive. E vive o homem que ama. E vive. E ama. E com amor, faz do sonho concretude. Realidade.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Livro em cima da cama
Aberto em qualquer página
Feito qualquer noite de sua vida...

mp4 em cima da cama
Tocando um som qualquer
Como qualquer berro dentro de sua cabeça...

Eu sei o que você fez no verão passado.
Escolha a vida.
Escolha a vida, seu bosta.
Escolha a vida como resposta.
Escolha a vida.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Eu só queria meu Pijama

Me diga o que se passa neste coração.
Me diga o que há nesta vida.
Tão louca, desmedida
De passos embriagados, distraída.
Desvairada, sem freio sem nada
Me diga o que é esta louca sensação.
Nem frigidez,  nem tesão.
Que digo sim e ao mesmo tempo digo não
Que me mostra o mundo e a solidão.
Me diga o que é este infame sentimento
Que me suga, me consome e que eu me alimento
Que não some um só momento
Que minh’alma devora e não há lamento
Me diga qualquer coisa insana
Que me faça acreditar que esta vida profana
É um sonho meu ao travesseiro da cama
Ou não diga nada, e me jogue à lama.

Sem sono, sem dormida. Sem pijama.


sexta-feira, 17 de dezembro de 2010


Coração biscate! 
Quando cruzas tuas pernas
Tuas bonitas pernas a mostra
Como defines tua forma
Tuas formas sempre expostas!
E pintas teus cilios
Ah, teus cílios-labirintos...
-Minotauro que te guarde.
Coração biscate. 
Como quando couve-flor
Em fim de feira entardece
A ti, sobram restos
Mas a mim, Poesia!
Sim, biscate sim!
E merecidamente surrado
Tão batido quanto um clichê:
-Com gelo, limão e cachaça, por favor.
Mas o que cargas d'água
Escondes nestes decotes?
Tuas cartas na cartola,
Teus coelhos na manga...
De que te escondes?

Hoje foi o dia,
Mais uma discussão,
Saí de casa.
Estava passando da hora,
Já me ofereceram tudo lá,
Até o profano.

E também eu cansei da discussão,
Não era certo eu sempre julgar
Toda vez que achasse um culpado.
Eu me tornaria do mesmo, assim.

Agora é que eu vou começar a crescer
E sem ter que provar nada a ninguém.
Perder o medo de perder,
Eu sei mais ou menos o que quero,
Falta eu ir buscar,
Estou pensando na melhor maneira.

Há um bando de gente que não escuto mais,
Há um bando de gente que ficou pra trás,
Descobri uma televisão com outros canais,
Travando a batalha que me dará paz.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Poemar

Eu poemo
Tu poemas
Ele poema
Nós poemamos
Nos poemamos
Nus, amamos

Quanto a vós, nada posso afirmar
Só sei do que existe ente nós.
De longe ouço novamente o som.
Mas... Estou sem coração no momento
Me liga mais tarde, pode ser?
Talvez eu encontre essa parte que faz inteiro

É como mar ou o oceano, saca?
Parece água como todas as outras,
Mas não fosse aquela pitada de sal
Perderia a graça, talvez ficasse às traças.

Pois de fato não estou inteiro
Imerso em um universo que não tem nome
Mas que doe como furo de espinho
E me bate com um braço que não posso ver.

Eu to desligando agora!
Mesmo que você não queira.
Mas quando eu montar o quebra cabeça
Eu juro que retorno a ligação.

Sabe aquela parte que falta? Aquela peça que completava! Aquela pita de sal! Ela também faltava ao quebra-cabeça. A sorte minha é que peça era mesma. O azar meu era que ou eu ficaria sem coração ou o quebra-cabeça sem a peça que o completaria. Foi quando optei pelo coração. Tão mágico foi que o quebra-cabeça se completou, sem que eu montasse, sem que eu o tocasse, ele se completou. Pura mágica, não sei!

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Caça-Tempos


Já me disse um velho amigo
'Todo labirinto- ouça bem!-
Todo labirinto é navegável a taças de vinho.'
Bem umas cem desta de suas mãos!
- Grande Amigo, Sábio e Sacana.
Que certo dia, ainda me disse,
Por trás de seu riso-penumbra, ébrio, corriqueiro:
'Corra, mas corra com jeito
Que há de, aos trinta, não ser
Precoce-velho-quadrado,
Tão sem graça quanto jiló’.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

[...nem tudo, nem nada...]

 
Nem doce nem amarga
Azeda
Nem alegre nem triste
Indiferente
Nem real nem imaginário
Inexistente
Nem água nem fogo
Fumaça
Que some com o tempo

. Uma gota de chuva em Teresina
Que evapora antes de tocar no chão
E quando vê já foi
Quando lembrar, sumiu
E nem o rastro mais se vê
O vento leva tudo
O vento leva tudo
...
E que esse mesmo abençoado vento
Leve minhas cinzas pra bem longe daqui.

Amor que sabe falar

Mas se por ventura
Um beijo teu eu ganhar
E tu, em meus braços se deitar
E se aprochegar
E me afagar
E dizer: meu bem, meu bem
Vem me amar.
Se por ventura tu me olhar
E depois de uma piscadela, me chamar
Com o sorriso de canto
Que encanta sem catar
Vou fazer aquele silêncio todo esbravejar
Oh morena bonita me deixa te alcançar
Subo colina, desço morro, corto pomar
Como urucum, faço buquê, mato preá.
Viro poeta, escritor e ate me astrevo a cantar.
Quando é por te eu faço é sem pensar
E de me arrepender, nem ouço falar.
Porque morena é com tu que eu quero casar
Ter dois filhos,
E viver ate um mundo de nois de cansar.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

O Poder da mente

i

Mas era, eu sei, por sufoco ,
Talvez seja apenas um vacilo meu.
Talvez nem esteja vendo aquele moço,
De olhos claros e comportamento plebeu

Por distração, comoção.
Pra refugiar. Por medo eu confesso.
Estando sempre com estilhaços na mão.
Algo invento, regresso.

Eu via com os olhos fechados.
Dos pés a cabeça, o fervor subia.
Não tendo mais doce, nem amargo
Deito ao chão, dormente de anestesia.

É neste momento que ouço os gritos:
A histeria, a loucura, o insano.
A passos largos, fino infinito.
Ponho as mãos na cabeça, como que pensando.

Ai meu deus, meu pai, meus deus!
Por que minha perna treme sem que eu queira?
Meus olhos choram aos olhos teus.
Meu coração pula, como o fogo da fogueira

E quando finda todo o sinal de barulho
Estenuado, ergo o cérebro e a cara a frente
Me percebo tão só, que nem acompanhado de orgulho
Decifro tal loucura que criou minha mente.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Quase-Samba.

Mas é que você assim
Por ser assim e assado
Daria um samba desbocado
Em viola e flautim
Um samba, assim com pecado
Bem despedaçado
Cor de botequim
Daqueles de água na boca
E vinho barato
Ponta de cigarro jogado no chão
Um samba assim bem esbarrado
Bobo, abestalhado
Besta, sim! Porque não?
De letra em papel guardanapo
-Bilhete pra moça da mesa ao lado.
Seu Moço, tome cuidado!
Pois dentro deste lenço
Vive um coração enferrujado.

(Laelia Carvalhedo)

aVESSO

Como estou?
(Ela pergunta sem eu perguntar)
- Deitada sem dormir,
Em pé sem andar
(Ela responde e não me permite opinar)

E o que pareceria loucura
E provavelmente era.
Não passava de tortura
Psicosofriento igual ao da novela.

Ela distorcia e retorcia um cordão
Em barulhos incautos
Entre os seis dedos da mão.
Mas nada que mudasse os altos.

Eu digo que nos somos os loucos
Porque somos normais e aceitamos a sensatez fingida
Porque não conseguimos externar nem gritos roucos
Nem brigar ou espernear, não na volta nem na ida.

Sufoco de um poeta.


Da viola
 as cordas caíram
Dos poemas
 as letras desapareceram

Parece que não se têm mais nada a dizer
Ou a tocar,
as melodias se foram, as idéias também...

E ao mesmo tempo sente-se algo que vêm de dentro crescer
e tentar EXplodir ,quando na verdade está IMplodindo

Uma mistura de angústia com náusea
Como se tivessse algo pra colocar pra fora
e esse algo se recusasse a sair

A vontade que dá ,é deitar, dormir ,e esperar esse vendaval passar
Deixar que as coisas se acalmem aqui dentro
Até ficar sereno e calmo novamente...

Sereno e calmo
Sereno e calmo
Sereno e calmo
...

-e que essa canção-de-ninar te embale poeta

Boa Noite.