quarta-feira, 19 de maio de 2010

Das grades













Sinto-me fraco.
Domado, invisível, mudo.
As grades de aço que sussurram velhas,
Prendem-me fora da mente.
Num mundo que parece não ser meu.
De vilões aveludados e inimigos disfarçados.
Doe, mas não por uma fraqueza ao circo de horrores que bate à porta.
Doe por que de mãos atadas, meus pensamentos se vão.
Escorrem no vão do tempo.
E de grão em grão,
Vão enchendo meu passado.
É das letras que preciso.
São as frases que me dão o viver.
O mundo lá fora é morno.
O mundo lá fora é doente e não a de ter cura.
O mundo aqui dentro é calmo, individual.
Sou preso pelo externo e livre no que vem de dentro de mim.
Que vontade de ser casulo de metamorfose interrompida.
Passar a vida com asas fechadas, em um abraço sem saída.
Tecendo a vida com lã de segundos.
Saindo do estorvo de ser igual aos que voam
E me enlaçando à liberdade
De ser alimento dos meus próprios medos.
De encarar minhas próprias verdades.
De sujar minhas mãos com o que tenho
E não manchar os pés com a vaidade.

                               (Halifas Quaresma)

3 comentários:

  1. texto muito bom.As letras realmente aliviam dores emocionais,sensacional ser alimento de nossas proprias dores,talvez assim a nossa vida valha realmente a pena.bjos

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  2. Olá, Halifas,

    Adorei sua visita ao meu vivaagora, com seus doces e carinhosos elogios, e fiquei surpresa em vir aqui e me deparar com suas belas poesias, porque também sou poeta e tenho um grande amor pela escrita, pela literatura. Espero que possamos manter este contato poético-literário. Beijos!!! Felicidades!!!

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