quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Rua 14



Na rua estreita
Hades está a espreita
Atrás de mortos em vida
Nunca vi entidade
Tão ovacionada!

Perdi amigos para um bom trago
Estar chapado já não era mal presságio
Daqui você não passa se não pagar pedágio
Nem limpa tua barra com um sorriso largo!

Garoto dos recados!
Guarde alguns trocados!
Financie uns baseados
E ao falar de um sujeito
Não delate seus predicados!

Na rua afoita
Hades tem sua seita
Já deixou tua oferta?
Quem diria que a morte
Seria a dama da festa?

Não existe margem para imprecisão
Poucos não tiveram alguma intimação
Metade já esteve na reabilitação
Recuperando os nervos da detenção!

Dano por narcóticos
Quem sabe um coma alcóolico?
Na travessia dos viciados
Você mesmo acaba
Saindo dela um pouco culpado!

Adeus...
Não foi bom te conhecer.

sábado, 24 de dezembro de 2011

Sem Mais Ressalvas


Por muito tempo me rendi
E de mim me afastei
O meu orgulho engoli
E do passado eu vivi
A nostalgia era envolvente
Animou o mais descrente
Mas fui em frente...
Hoje encontro o que procuro
Tateando no escuro
E mesmo perdido no percurso
Acredito não estar confuso
Eu vou na linha de frente
Desarmado e contente
Daqui em diante...
Nada será como antigamente
Eu decidi não ser tão deprimente
Cansei de ser o bom menino reticente...
Aprender!
A não mais me ater
E sem mais ressalvas
Poderei crescer
Se eu ficar na curva sinuosa
Partirei de forma onerosa
Serei  a risada ruidosa
De novas relações frondosas
Não golpearei meu oponente
Nem me farei de inocente
É evidente...
Vesti a aura do sobrevivente!
Deixei a muito de estar dormente
Tua resposta nunca me foi suficiente...
Conhecer!
E os mesmos deslizes não cometer!
E sem mais ressalvas
Não vou me arrepender

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

"Rumbora, sai do mei"

Então tá, vamos ver se eu entendi: eu sou nordestina, nascida e criada no Piauí e por isso (só por isso) eu estou sendo julgada, difamada, execrada, reduzida à zero. É isso? Tudo bem então, vamos lá. Não, mas eu posso falar agora, ou vou ter que ficar mais uma vez de camarote vendo e ouvindo isso que vocês andam falando? Ah, sim, obrigada! Pois bem, agora sim, vamos lá.

Enquanto dentro da humanidade houver desumanidade sempre haverá pessoas como as que eu vou citar: Mayara Petruso e Sophia Fernandes.

Mayara Petruso, estudante de Direito, após a vitória da atual Presidente Dilma Rousseff, utilizou suas redes sociais para atribuir a "culpa" dessa vitória aos nordestinos. Mas aí eu pergunto: que culpa temos nós? Acho que ela não sabia, mas mesmo que as regiões norte e nordeste não tivessem participado da votação ainda assim Dilma teria ganhado. O colégio eleitoral que elegeu a Presidente chama-se Minas Gerais. Agora me digam, Minas Gerais fica no Nordeste? Acho que não. Ela só não poderia ter esquecido de jeito nenhum que o Deputado Federal Francisco Everardo Oliveira Silva, o TIRIRICA (PR - SÃO PAULO) foi o mais votado do Brasil. Definitivamente, ela não deveria ter esquecido que o próprio SÃO PAULO elegeu um nordestino.

Sophia Fernandes (fake)*, atualmente, utilizou-se também de suas redes sociais para também proferir grandes ataques à nós nordestinos. Em uma de suas infelizes passagens ela questiona se o Piauí fica no Brasil. Santa ignorância. Perdoe-a, Senhor, ela realmente não sabe o que diz! Em outra passagem ela nos chama de cortadores de cana e catadores de mandioca. Será que há mesmo algum mal nisso e os nordestinos não sabem ainda? Ao fim de tudo (nem se fim ainda) ela reclama dessa "bosta de república".

Fato é que, "bosta de república" ou não é onde essas medíocres, para nossa infelicidade, nasceram. O Brasil é grande, eu sei. Marcado por toda a diversidade regional e cultural. No nordeste, talvez elas não saibam ainda, mas há quem nasça em berço de ouro. A televisão mostra a seca, a desnutrição, os pés rachados e cansados, o fardo, a fome, o casebre, as ruas sem sequer calçamento, a pobreza, o lixo, o trombadinha. Mas o que as lindas aí não sabem é que em 2009 a melhor escola particular do país chama-se Instituto Dom Barreto em Teresina-PIAUÍ.

Certa vez conheci um Rio Grandense do Sul. Ele reclamava de tudo. Reclamava porque os carros param para que os pedestres pudessem atravessar na faixa. E ele não estava gostando dessa ideia porque, como ele mesmo dizia, "lá no SUL você vai atravessando a rua e não perde tanto tempo parado". Ele reclamava também do calor de Brasília, dos ônibus, das paradas de ônibus, das pessoas, da baladas, da meninas, do ar seco, enfim. Ele veio assumir um concurso de nível médio para ganhar pouco mais de R$ 2.000,00 em uma das cidades mais caras do país. Agora me digam, o que é mesmo que ele veio fazer aqui reclamando desse tanto?? Com certeza no seu querido Estado ele não conseguiu oportunidade melhor que essa.

O sentimento é de insegurança, tristeza, perplexidade, algo assim. Mas tudo bem, elas e ele que estão infelizes nos locais onde estão, só lamento. O tempo é de renovação. É de quebrar barreiras para construir a humanidade de mãos dadas, com amor e respeito.

Bom, elas não gostam dessa "bosta de república", né? Tudo bem. Desocupem o território, então! Simples assim. Não já dizia o ditado: "os incomodados que se retirem"? Então, façam-nos esse favor, Mayara Petruso e Sophia Fernandes, já que vocês não querem permanecer nessa "bosta de república" ao lado de catadores de mandioca e cortadores de cana, tem o Uruguai logo ali, vai que os hermanos recebem vocês de braços abertos. Tentem lá! Ah, tem um oceano aí do lado também. Vão morar num barco e criar a República massa de vocês.

Xispa...

*Sophia Fernandes é um perfil falso nas redes sociais. Ao citar seu nome, fiz alusão à quem esteve por trás disso tudo.

[Por Carol Moreno]

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Todos estão de cabeça quente


O sol é quente e ninguém espera
Que o ônibus vá demorar mais de meia hora.
Mas o pior é que demora.
Quando eu cheguei havia acabado de passar,
Segundo me informou um ambulante
E a única sombra que tem é a do poste, onde uns três fazem fila.

O sol é quente e tirando a agonia,
O carregamento de celular pirata que chegou,
Era só uma pelada na quadra do Caic,
Mas os ânimos se acirraram,
Todos estão de cabeça quente
E o que está com o pé quebrado saiu prometendo vingança,
Dizendo que ia chamar fulano pra dar uma pressão em ciclano,
Que ele ia ver pra deixar de ser otário.

Todos estão de cabeça quente
E é porque amanheceu nublado hoje
Mas o tempo é questão natural
E com o tempo naturalmente você vai aprendendo
Que não importa o quanto você espera,
O ônibus não vai esperar por você
Como tudo na vida,
Como todos na morte.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Devaneios

Desejo desaparecer, pelo menos um segundo...
Despertar em um mundo onde eu possa ser feliz.
Não me deteste por isso.
Apenas desejo provar o gosto das frutas que nunca comi
O aroma das flores que nunca senti
O som dos pássaros ao acordar
O vento ao me tocar
Pela manhã deitada sobre a relva verde e macia
Molhada pela garoa do dia...


Às vezes penso em como seria morrer antes de experimentar tudo isso
É bom imaginar os nossos devaneios.
É bom ficar horas imaginando.
Mas, melhor ainda é poder realizar os nossos sonhos.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Heitor Matos da Silva

As vezes sinto como se quisesse se vingar de algo ou alguém
Que em outro tempo e espaço não te fez bem.
O teu desconforto me incomoda,
É foda não poder ajudar,
Te ouvir relatar e só,
De maneira sombria
Teu canto de dor,
Ferida de Amor
Que nunca passou,
Heitor.

Mas Heitor, quem se alimenta do passado morre de fome,
Porque o futuro é maior
E você deve entender
Ainda que sem aceitar
Que o que te faz sofrer
É você continuar,
É Heitor permanecer preso
À memórias desgraçantes,
Conflitos rinocerontes
De sempre e antes,
Mas agora,
Só agora é Agora.
Libeeeeeeeeeerte-se!!!

Meu Modo


Eu forjei minha ponte
Sobre as coisas que perdi
Atitude condizente
Junto aos que dizem que cresci
Exercito o desapego
Dou atenção a quem merece
Se constranjo o teu ego
Sei que de vergonha carece...
Ajo do meu modo!
Não aguardo o teu aceite...
Melhor se incomodo!
O teu furor é meu deleite...

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Eu Poderia



Eu poderia...
Correr e te alcançar
Eu deveria
Ao menos ligar...
Próximo, porém distante
A desculpa brilhante...
Eu Poderia...
Contigo dançar
Eu tentaria...
Mas fui me afastar...
Não espero que entenda
E não quero que se ofenda
Eu não queria...
Perdoe-me pela grosseria
Nem avisei  que sumiria...
Eu sei que estou em dívida!
E maculei uma dádiva...
Você me esperou ávida
E teve o tremor de uma dúvida!
Eu poderia...
Pra você cantar
Eu nem teria...
Medo de errar
Escolhi me ouvir calar
Fazer o silêncio por mim falar...
Eu Poderia!
Não me conter!
Eu saberia!
Te satisfazer!
Mas fui saciar minha fome
Com um passado disforme
Feliz eu seria...
Não  terei  suas mãos nas minhas!
Não mais lerei tuas entrelinhas!
Eu não sustentei!
A mentira que inventei!
E até te machuquei
Mas foi a mim que eu enganei!
Eu poderia?

domingo, 11 de dezembro de 2011

Agora que você conhece o pior dos homens,
Deixa eu mostrar do que o melhor é capaz,
Me perdoa?
As pessoas tem uma missão suicida
De ao entrar em nossas vidas
Eliminar nossa solidão,
Você explodiu em mim.
Não é justo que fique espalhada em confusão,
Logo porque esse seu vestido combina em tudo com a parede ao fundo,
Pano de fundo que é meu coração.
E sempre que fazemos planos, você tem razão.
E quando isso acontece você se convence de que é a dona,
A dona da situação.
E como dona, você abusa,
Abusa e me deita no chão
De onde eu não quero mais levantar
E não levantar tão cedo.

Tendenciosa

Ela sabe o que te faz feliz
É o prestígio do esteriótipo
A tela da sensibilidade
Seu elo com a natureza
A veia cômica da história
Epifania Brilhante
E a não aceitação da diferença...
É a interação face a face
De mentes sem essência
A tendenciosa liberdade
É uma sádica violenta...
Ela é a mágoa do infeliz
O beijo frio da insônia
A arte de gente morta
E o jardim de nossa babilônia
A cova rasa da memória
A caixa de Pandora
Crua metáfora de nossa falência
É a interação face a face
de mentes sem essência
A tendenciosa verdade
Te induz a dormência
Seu ator militante parece me mostrar
O exemplo de conduta que eu
recuso a ter!
É a interação face a face
De mentes sem essência
A tendenciosa sobriedade
Guarda um homem em latência...

Mal-Estar




Todos os dias ao dormir
Escuto a revelação antes de orar
Mensagem que mais parece uma maldição
Um limite ao meu destino e aonde posso chegar
Eu acordo com o estrondo
Do seu descontentamento
As luzes dos seus sonhos
Perdem o seu encantamento
Os anos levam o espírito
E te ensinam a perder
Não existe mais o mérito
A quem fez por merecer?
Ao rebanho devo retornar?
A Ópera do nosso mal estar?
Bêbado ao menos pode fingir
Que tudo vai estar no seu devido lugar
E vai gozar da vida que sempre quis...
E me mostrar sabiamente onde devo estar
Desculpe se estou perdendo
O melhor do ensinamento
Mas se hoje estou correndo
É pra não ter arrependimento
E apenas por um momento
Me dê o desprendimento
De palpitar em seu púlpito
Sem seu ar de desalento
Ao rebanho devo retornar?
A Ópera do nosso mal estar?

Melancólica

 Eu sei que escuta
A tristeza que educa
E que tanto me implica
É como uma flor que murcha
E quando se acha madura
Ama e se machuca!
Te furtam a estima
Tu surta e desanima
Rotina que resigna!
Precisa estar triste para estar bem?
É mesmo tão bom não ouvir ninguém?
De repente ficou muda
Com a lamúria surda
E por ela reluta!
É como uma farda pesada
Com sua culpa costurada
É a mais bruxa entre as fadas!
É um golpe de vista
E o veneno do pessimista
É a sua maior conquista?
Faz algo de errado para ficar bem?
Eu sei, não precisa de ninguém!
Eu sei que não odeia
Mas não aprecia
Dilui-se em letargia!
Como uma atrofia
Um terminal sem agonia
Nem mais me respondia...
Ninguém te dizia
Mas penso que já se via
Mais morta que viva!
É revigorante não estar bem!
Não é bom esperar por ninguém!

Respeite-me



Respeite-me
Porque é a mim que tu fere?
Respeite-me
E que o diabo te carregue!
Feche essa boca imunda!
Que tenha uma chaga profunda!
O ódio que me afunda
Rói a tudo que em ti fecunda!
Respeite-me
Sou a doença que oferece...
Respeite-me
O sono de quem padece
É tão bom te ver mal!
Poder dormir em seu caos!
Brandir a arma letal
E acordar em seu funeral!
Vou espalhar calúnias
E fingir boas vindas
Rir da sua tortura
Alegria desmedida!
Respeite-me
Porque tu me persegue?
Respeite-me
E no fim, o que consegue?
Não sei como não percebe
Que nada acontece
Vai seguindo o eclipse...
Tão cego que se perde...

Respeite-me!
Deixe-me!

Epílogo



Que ligação sublime
Doçura que derrama
Se houve algum crime
Não há perdão para quem ama?
De uma lágrima a uma estima...
Todo prólogo tem seu epílogo
Seu pai se viu em apuros
Mas sempre te deu reconforto
Mesmo com a mente no escuro
De um suicídio absorto
Para quem aprende ou ensina
Todo prólogo tem seu epílogo
Se há resposta
Porque não a atesta?
Acha que não aguenta?
Se permita
A mudar sua condição
E se ele precisar...
Dê a ele seu perdão!
De onde ele estiver
Vai balbuciar e exortar
E para tudo o que vier
Terá no que se apoiar
Do fraco ao todo poderoso
Todo prólogo tem seu epílogo
Se há resposta
Nas linhas de uma carta
Que tal ver do que se trata?
Para a luz ele te chama
E tuas dúvidas ele sana
Para ter a paz...que exclama!

Ponto de Vista



A potente fala que te promove
Também te acomoda
Nem preciso me por a prova
Tenho brechas entre tuas dúvidas
Adestrou-me como um capanga
Vassalo que tudo comunga
E no ato que te consagra
Eu sou a audácia que te sangra!
Saiba que meu ponto de vista
Não é espólio de conquista
Nem Playground de vigarista
Ou prêmio de aposta!
Não!
Por muito tempo acendi seu molotov
Atuei como uma sombra torpe
Fui a chamada que te sacode
E a melhor rota de escape!
O teu sonho de eugenia
Não passa de mera esbórnia
Triste de quem junto a ti se filia
Ruirá junto a uma amadora tramóia
Entenda que tenho meu ponto de vista!
E também sei ser egoísta!
Além de fera que degusta!
E ranço que desgasta!
Não sou quimera
Tampouco mastro de bandeira
Farei você ter um pouco de boas maneiras
E com a armadilha certeira
Te enterrarei em minha trincheira!
Supõe comover com uma pose altiva?
Apenas desprezo é o que cultiva
E até o mais fiel se recusa...
Ferindo tua face com o dedo que acusa!

Minha Praga



Eu sou tua indisposição
Uma torta composição
A pior contra-indicação
Espera e precipitação
Ei, sou o gigante da razão!
E me expresso na intimação
Quietude e rebelião nada mais são
Que gestos imaturos de minha mão
Rasgando o teu corpo são
Eu tenho a vibração 
Que faz o mais destemido dos seres tremer...
Minha praga é uma provação
Em que até o medo quer se esconder...
Quando me olhar de soslaio
Verás o quanto é ordinário
Preso a um sistema binário
Vivendo um sonho precário
Amarrado as contas de um rosário
Maldizendo a boa vida do vizindário
Caindo em contos do vigário
Verga-se contra o primeiro adversário
Eu sou a sua derrota, antes que a possa reconhecer
Minha praga é o que te faz lutar em meu nome e morrer

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Encontro das Águas


Me diz o que é que eu faço dentro dos teus olhos,
Olhando assim de perto eu pareço parado,
Mas o certo é que eu não estou preso
Como também não estou no lugar errado.

Só pra você saber,
Não é normal como também não tem nome,
Como não tem definição de cor ou tamanho,
Mas ocupa um único lugar.

O coração do mundo está aqui
Porque todos vieram pra ver,
É o que todos pretendem ser
Pela vontade de Deus.

O meu Deus não usa jeans no Oriente
Em respeito ao que lá cala e consente,
À tradição de toda gente
Que não deve se traduzir intolerância.

Então me diz o que é que eu faço dentro dos teus olhos,
Olhando assim de perto eu permaneço calado,
Mas o certo é que eu não estou sujo,
Em outro lugar eu não estaria limpo.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Você entende se eu sair correndo,
Não são as pessoas que estão em julgamento,
São os conflitos.
Mas com certeza elas estão em conflito
E são elas que julgam.

Não precisa essa tristeza toda
Se o que eles dizem não é o que você procura,
Deixe pra lá.
O ciclo teve início
E sobre isso eu não sei o que fazer.

Mas deixa eu te dizer outra coisa
Não relacione tudo o que eu falar, com a gente,
Você pode ficar louca ou chata
E não vai ser legal.

Você entende se eu sair correndo
Atrás do rodoviária, do vendedor de picolé
Com um sol desses você sabe como é.
Não estou me sentindo bem, estou de cabeça quente
E parece que vai explodir.