sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Junky Box


Esse povo é maluco
Depois de abandonados
Vão cheirar cola
Com as meninas da rua
Do outro lado
Batem na minha porta
Com pedras na mão
Querendo abraçar meu irmão.
Meu irmão!

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Envelheço nas paradas e me deprimo nos ônibus com o trânsito
E quando vejo que velhos dragões estão soltos nas ruas
Forçando a vida em um mundo que não lhes pertence mais
Eu tento fechar os olhos para ficar em paz,
Mas sempre tem uma buzina ou uma freada brusca e no final
Todos os veículos se encontram no mesmo sinal,
Tanto faz alterar as rotas, os condutores são os mesmos
Que a STRANS não consegue prevenir,
Que a fiscalização não consegue multar
Que a morte não consegue remediar,
Que a polícia não consegue apreender
Como os velhos dragões que estão soltos nas ruas
Me vendo envelhecer como as paradas de cimento
E deprimir como os ônibus de ferro.
Sempre é o ferro que perfura o cimento,
Sempre é meu sentimento que se ferra e isso não é nada,
Apenas a hora de descer em outra parada pra envelhecer
E envelhecer como os dragões que estão soltos nas ruas
Forçando a vida em um mundo que não lhes cabe mais
E mantenha-se cuidado,
Sempre pode acontecer um mal a mais...
...um Amor a menos.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Haikai Autobiográfico

Esse sou eu
Ao desafinar o tom
Forjei um dom.

Desabafo


Ontem tentaram extrair o melhor de mim
Não pude controlar o riso até o fim
Entenda, eu não quis desmerecer
Mas eu sei no que nos tornamos ao crescer
Não se deixe levar
Não se deixe mostrar
Não tente esperar
E talvez vá passar
Agradeço o modo como me elogia
Mas acho que prefiro o meu porão
Maus demônios me fazem boa companhia
Distantes de seus olhares de compaixão
Não se deixe agradar
Não se deixe calar
Não tente provar
Talvez isto irá
Sou mais um blefe neste lugar mundano
Moeda de troca em sabotagens
Tão confortável em ser comum engano
Encaro a vida como uma tola miragem
Não se deixe descuidar
Não se deixe ausentar
Não se deixe desarmar
Não se deixe parar
Não se deixe compensar
Não se deixe consolar
Não tente lembrar!

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Cadafalso



Som do desprezo
Tua diversão
Eu guardo apreço
Tu me reserva aversão
Não sou malfeitor
Mas não tenho a razão
Eu lhe tenho purdor
Mas tu é a má intenção
És meu cadafalso
Meu passo em falso...
Eu sou o cristão
Tu fez o que quis
Me sinto a recreação
De uma meretriz
É o puro dissabor
Porém estou tão feliz
Pode ver meu rubor?
Escapei por um triz
És meu cadafalso
Me afoga no raso...
Minha falha na couraça
Homérica ressaca
Talvez eu mereça
Me chame de babaca
Anda ausente
Sou a tensa impressão?
Pesada corrente?
Quase voz de prisão?
A dúvida paira
Estou em colapso
Porque não atira?
Me mate no cadafalso!
No cadafalso
Meu repouso...

Erro De Percurso





Eu fui a sutura
Atenção rara
Mas quem me sara?
Te dei a desculpa
Lhe livrei da culpa
Porque não me poupa?
Hoje sou remorso
Erro de percurso
O peso no dorso!
Vergonha exposta
Derrota imposta
Tua última aposta!
Aos destroços novamente...
Meus cacos são tão reluzentes!
Era divino...
Parecer sereno
Rindo como um menino!
Era relaxante
E até relevante
Pensar adiante!
Para mim foi mágico
Mas o tempo é cáustico
E age lacônico!
Não abrirei o meu presente...
Não sei parecer contente
Eu estava quieto
Firme e reto
Porque chegou perto?
Deixou ranhuras
Pequenas diabruras
E foi embora!
Como o prazer de um trago
Tem o gosto do estrago
Sabor bem amargo!

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

O que eu vou fazer
Quando encontrar com meu velho desejo?
O que eu vou dizer,
Porra, te amo e faz tempos que não te vejo.

Correndo atrás...,
Eu já conheço e até bem demais.
Eu quero mais do mesmo
Porque o mesmo não ficou em paz
[da última vez.

Outra ilha, outra constelação,
O mesmo céu, o céu é mesmo
O mesmo céu, o mesmo seu,
O seu é mesmo o mesmo meu.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

A vida é bela







Princesa,
Bom dia!
A vida é bela
E não há surpresa.
Tudo é teatro, encenação.
O casamento já estava marcado,
A chave e o chapéu também.
Todos os encantos foram feitos pra você
E nenhum há de se quebrar
Como ovos em chapéu que alguém há de usar.
Eu poderia falar mais de encantos,
Mas não quero ser chato e descrever seu rosto.
E eu faria amor com você na calçada de sua casa,
Mil vezes se preciso fosse, até virarmos estrelas
Até meu beijo ficar com sabor doce,
Depois de tê-la,
Princesa.