domingo, 29 de abril de 2012

Haikai do Promorar

No escuro,
Sobre o chorume
Passeia o vagalume.

Zona da Morte


Você tem o costume
De sentir um peculiar perfume?
Nem incenso cobre o azedume
Do sangue misturado
Ao rastro do chorume!
Você tem na rotina
Amigos que somem
Em ritmo de chacina?
Não há quem de lá retorne
Sem apreciar o disforme!
Vai comer grama pela raiz!
Zona da Morte!
Acabar com a boca cheia de formigas!
Boa sorte!
Você escuta todo dia
O ronronar do estômago da periferia?
Que praga sobraria?
Com tanta tortura
Em vício e epidemia!
Você que tem o pé no chão
Já sabe que quem diz ter a solução
Deixará de boa fé uma má impressão!
Vai usar paletó de madeira
Zona da Morte!
Vai virar comida de planta!
Seja forte!

segunda-feira, 23 de abril de 2012

...então você senta e me conta como tudo vai mal:
que Teresina é um ovo etc e tal,
que todos se conhecem e o calor não é legal,
que você passou no Enem e na verdade é de Natal,
que lá o ritmo é outro, cidade mais desenvolvida,
que aqui as pessoas nascem, vivem e morrem sem saber o que é a vida,
aí eu te pergunto: - O que é a vida?
Você fica sem saída...,
pergunto se a vida é a morte e você logo me vem com um papo de sorte que não cola,
se não cola ninguém te dá bola...
Eu descobri teu preconceito, Ninguém te dá bola
e cuidado pra não acabar que nem aquele cara que acabou de subir pra pedir esmola
contando que veio trazer a filha prum tratamento médico
pra fazer um exame clínico...
ele pelo menos é cínico e você nem você é.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

A Políca prende, a Justiça solta.
O Preço aumenta, o Povo se revolta.
A Classe faz Greve, o Governo desconta.
...tem Manifestação, vai rolar Bomba.

Vai ter Quebra-Quebra, vai, vai ter Prisão
E o Acordo fica fora de cogitação.
Vai ter Molotov, vai ter Confusão
Assim nos marginalizam e nos tiram a razão.

Para quem não é isento, pra quem  não está imune
Perde até a fé nos representantes que a legislação nunca pune.
Para quem não é isento, pra quem não está imune
Para quê tantas leis se a sentença aqui nunca se cumpre?

Como as coisas deveriam ser se não são?
(Estamos em greve, não podemos atender sua solicitação)
Como as coisas deveriam ser se não são?
(Passe outra hora, agradece a Direção)
Como as coisas deveriam ser...?

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Instante


Acho que vou dormir
Se sorte é sonhar
Sonharei contigo
Que levou esse veneno às utopias

Acho que não vou dormir
Vou lá, ver se consigo
Um olhar, ver, tocar, sentir
Sempre preciso de algo mais

Retratos fatos
Guardados de algo que ficou
Alem de um momento

No reconte de um instante
Legando do tempo
Cheiro que veio do seu corpo

Acho que não vou dormir
Acho que não vou dormir
Acho que não vou dormir
E é tanta gente chique,
Deixando a gente em xeque,
Causando um velho choque,
Ignorando se machuca,

Mas fale sobre você,
Se está tudo bem,
Você é uma pessoa boa,
Merece tudo de bom.

E eu até entendo
Adão Eva e a cobra,
Mas o povo que cobra
É a mesma galera que quebra,

Mas fale sobre você
Se está tudo bom,
Você é uma pessoa boa,
Merece se dar bem.

Coletivo Individual

Não é interessante que todos cheguem à mesma conclusão sobre algo, mas que algo possa levar várias conclusões individuais para todos, isso para que o movimento nunca pare, para que as células se renovem, para que cada um se sinta especial na sua verdade e, que possa compartilhá-la, nunca impô-la.

O que faz sentido para um, se não faz sentido para outro é o que dá sentido à existência, isso se a busca por tal sentido é realmente sentida e não reprimida ou remediada.

A conclusão definida e definitiva não está com nada, para tudo tenha uma, duas, três hipóteses, que assim terá a verdade que quiser para o que quiser quando quiser e com quem a quiser também.

A chatice de Marx

Eu preciso é de uma religião
Para esquecer essa estória de democratizar a comunicação.
Eu preciso é de um casamento
Para ter uma desculpa e faltar às reuniões do movimento.

Eu preciso é de um cargo público
Ou então de ser um operário
Ou então montar um negócio
E só me dedicar à vida de empresário.

Eu preciso é de uma fazenda
Para aumentar minhas cabeças de gado.
Pra quê lutar pelos meus direitos
Se posso ficar sob as barbas do Estado?

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Poema teresinense



As ruas do centro são meu lar
Conheço cada rua e cada canto escondido
Todos os bares, todos os banheiros sujos
É uma Teresina que se mostra para poucos
E que sempre acolhe seus hippies
Suas putas, seus bêbados
Seus poetas.

Garoa



Andar sozinho, à noite
Chuva.
A liberdade parece plena
As ruas acolhem a solidão
E as gotas lavam a alma.

Glenda

Está tudo errado
Disse angustiada
Compreendi no olhar
Sincera falava

E aquele olhar triste
Meio capisbaixo
Denunciava ao mundo
Tudo estava errado

A fome, a miséria
A dor, intolerância
O mundo ao avesso
O avesso da infância

Mas não chora, moça
Tudo há de passar
O medo que aflige
E a angústia no olhar

Janela



É necessário acordar
E ver que a vida está passando
Não está sendo vivida.
Boom!
Veja que o ano já passou
E o crescimento só se deu na barba
Talvez.
São vinte anos
"Não vivi um só momento"
A vida passa, eu só assisto
E sequer tenho motivação para terminar decentemente o poema.

domingo, 8 de abril de 2012

Idiota



Mesmo que eu não conturbe
Ou saia do lugar
 A sorte me concede
O uno dom de incomodar
Eu tinha em meu rosto
Uma covinha vulgar
E até disseram: é melhor morto!
Mas isto está longe de acabar!
Eu nunca fui de reconsiderar
Não espere que eu vá me importar
Já cansei de ouvir você implorar
Esqueça, não vou te confortar
Na vida que escolhi adotar
Não há tempo para se arrepender
Porque vou me adaptar?
Se eu posso agir e convencer?
Não faço questão
De ser o que convém
Até perco a direção
Mas dela não sou refém
Idiota é dizer
Que consigo vive bem
Se ignora o que de ti advém...

Sombras


Sombras...
Guardam minha carcaça decadente
Crenças...
Ainda posso acreditar?
Lamúria...
Guarda a nossa prepotência
Máscaras...
De um mundo arrogante
Sombras absorvem você
Elas envolvemos teus  rituais
Você não pode enganar sempre
Seu burburinho vai te condenar
Sombras...
Em meio a fome tão frequente
Minúcias...
De uma justiça tão parcial
Gritos...
Abafados mas indicam...
Pesadelos...
Não são só impulsos cerebrais
Sombras acompanham você
E velam seu momento de torpor
Seus rugidos deselegantes
Nunca te pouparam da dor!
Sombras...
Fartam-se de sua ignorância
Verdades...
Tudo o que contam a você
Demagogia...
Em alegorias fantásticas
Miséria...
É o melhor de seu ser!
Sombras amaldiçoam você
Se apegam a bens materiais
Desilusão ao perceber
Que é só mais um passado para trás!
Sombras
A lenta decadência...

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Repete-se

















A lembrança espalha-se por um terreno comum.
Possui uma via de fácil acesso a todos os labirintos.
Tudo que se vai
Cicatriza seu caminho.
E ela vai cuidando de sangrar as feridas
Só pra te fazer achar as curas
Que nascem aos gritos,
Do ventre de tuas escolhas.

(Halifas Quaresma)