sábado, 30 de agosto de 2008

SOMENTE OS SECOS NÃO AMAM


Meus olhos me traem
Logo eles, meus olhos...
Captadores de luz
Que grande termo para eles...
Acordei no meio da noite
De quem era a voz que me chamava?
Madrugada fria, frígidos ares
Lamentações e pesares
As luzes se curvam
Tudo distorce tudo
O prisma talvez seja eu
Só há um céu acima
Mas quantas noites existem?
Noite, noite, vasta noite
Ajoelho-me frente teu manto
Venero-te, noite de mistério
Noite aberta ao sobrenatural
Noite propícia aos amores
Somente os secos não amam...

Tanta luz hoje tem a noite
Meus olhos se perdem
Numa contemplação mística
Algumas nuvens pairam
Negras nuvens se aproximam
Esconderão teu brilho, ó noite?

Amei tanto sob este manto
Amei tanto e só amei
Nem sei se ainda a amo
Somente os secos não amam!
E seco sei que não sou...

Noite, noite, vasta noite
Deixaste-me aéreo e confuso
E os versos pareem fugir
Qual o tempo? Qual o espaço?
Parecem sair na hora que querem
Versos em liberdade...

Muitos estarão em chamas
Muitos estarão desfalecendo
Muitos sentirão balas e adagas
Penetrando a pele, sangue...
Assassinos da noite!
Lembro dos outros acordados
Nas ruas, nas casas, trancados
Copos, damas, jogos, vícios
Bordéis na cidade, noite...
Sexo, homens em fúria

Noite da vida incomum
Dê-me um copo, ó noite estranha
Dançarei contigo, com a lua
A dança dos etéreos sonhos
Viajarei nos teus caminhos
Dê-me logo uma garrafa
Este líquido é o contato
Com a natureza viva
Com os vapores flutuantes
Os sóbrios, secos, tão retos
Têm medo, tão limitados
Sempre dirão que é pecado
Noite, noite, vasta noite
É triste viver os dias
Todos os dias do ano
Todas as horas da vida
Preso ao mundo, a estas correntes
Preso à natureza morta
Não, nunca, ó minha noite!

Diga-me, ó minha noite
Por que o amor é condenado
Neste mundo embriagado
De tristeza e dor?
Noite, noite, vasta noite
Teus mistérios mais me chamam
Outro gole eu tornarei
Sairei do mundo onde
Somente os secos não amam...

COTIDIANO

Luz dos postes amarela
Calçada, gente indo, voltando
Comércios e carros correndo
O coletivo vai levando para as casas
Os trabalhadores de sempre, as pessoas de sempre
Só alguma morte chamaria a atenção
Destes reles mortais
Eles adoram ver o sangue derramado...
Ficariam atônitos cercando o corpo
Depois tomariam de novo o rumo para as casas.

sábado, 16 de agosto de 2008

Min Pataxónado


Eu Pí
bem_______>>_______Aqui!
Tú lá...
a olhar-me bem,
eu, te venerar tanto
pensar em te, Pí!

Desavenças


Em nossas neurastenias
conjugamos louças e venenos
Meninos pequenos, chorão ao ver-nos.

Tudo que eu fazia, você reciprocava,
e quando a raiva passava...
cacos pelo chão,
No fim, o perdão óbvio estava

O olhar brilhava, tanta foi a ofuscação
a desavença tremenda atuada...
tanta foi a confusão...
-Tem nada não!

Denotas ao Apolo Vivo



Humildade...
Tal palavra a consagrar-te altivo
sem perceber tamanho meretíssimo
sega a ser eloquente

E quando a gente percebe,
ele antece o guapo.
oculta para se, tudo que scribere

Deveras percebe, o envoltório social
que neste abismo que se faz a vida
no colegio, na poesia e no quintal.

Aos mortais escreve seu edito poético
cujos quais a quimera não compreende,
a nossa gente toda a embuçar no alheio
conhecimento

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

VAZIO


Triste assim estou
Triste não pelos outros
Triste por mim mesmo
Ai de mim, só eu entendo
E nem entendo o que se passa

Tenho carência de amor, de beijos
E quem irá escutar este apelo?
Só minha amada deveria escutar
Onde ela está?

Tão triste, neste tédio
Tentativas de tentar
Tomado por timidez

Meu fluido, sangue estagnado
Tão longe do que me completa
Meu Deus! Triste pequeno poeta...

***
Outra manhã, pesada
Lá vem as sombras
Não desejo a tristeza
Não estou triste por querer estar
Triste não nasci
Triste hoje estou
Por amor, por falta
Lá vem mais sombras
Mas este tempo deveria ser
O período em que o sol nasce
Não é mais...
Não há paz
Há descontrole e tensão
Nervosismo, ânsia, tremor
Tudo por uma paixão?
Tudo isso por um amor...

APATIA


"Menino, sai à rua para distibuir tua simpatia!"
Não, não tenho simpatia alguma
Tenho uma apatia absurda
Isto sim, tenho!

Sim, sou apático!
Olham-me, não sentem afeto ou desafeto
Sentem raiva por causa do rosto de tédio
Até eu sinto...
Mas para mim não minto.

MINHAS LETRAS


Poesias fracas, poemas...
Rimas pobres, rimas fracas
Frases sem sentido
Estrofes sem métrica
(Como deveria ser)
Poesias tristes
Poemas pessimistas
Sonetos de protesto
Quatro quartetos
Um caderno cheio
De palavras feias
Comuns, de todos
Um amor distante
Almas e espíritos
Razão, emoção
Eu sou o culpado
Desate crime hediondo
Matei tantas folhas
Assassino em série
Que ainda nõa cansa
E sequer alcança
Um pouco de felicidade...

DIA VAGO


Não há mais manhã
Acordo ao meio-dia
E fica a pergunta:
Café ou almoço?

OUTRO LUGAR


Longe deste lugar a mente está
Imaginando algum lugar melhor
Melhor que a escuridão a torturar
Imaginando sol, música e amor

Longe deste lugar, a divagar
A meditar, embalada num sonho
A mente está; cansada de pensar
Cansada deste mundo tão medonho

Ansiosa por criar e por amar
Querendo se ver livre da impureza
Que contamina a todos do lugar
E a distancia da real riqueza

A mente anseia por natureza...

terça-feira, 5 de agosto de 2008

OS OLHOS FALAM


O que me dizem teus olhos?
Não me dizem nada...
Porque tu perdestes a linguagem!

Tu vives a olhar para baixo...
Olha para o sol!
Olha para a lua!
(Sabes em que fase ela está?)
Olha para o céu!
Olha para o crepúsculo!
"Ergue os olhos!"

Ei! Algo ainda dizem teus olhos
Mas dizem a outro, que é rico
"""Estou à disposição..."""

Mas que diabos!
Como é podre tua linguagem!
Como é pobre!
Como teus olhos são secos!

PSICOSE


O sol queima minha pele
Mas por que ainda sinto frio?
Por que o desespero e a angústia?
Por que não findo a procura
Por minha essência
Por minha plenitude
Por que estas caras, rostos
Sorriem tanto assim?
Por qual motivo depois choram?
Se é que choram...

Há tempos não choro
Desde a infância
Pranto por uma dor física
Hoje o físico não importa...
Onde está aquele menino
Que ficou eternizado nas fotografias?
E que antes sorria
Pois tudo lhe era um sorriso
Hoje ele ri por vazio
Nem ri, nada é diferente...

Quando algo, alguém, sei quem...
Ainda arranca-me uma lágrima
Por uma impetuosa força
Esta lágrima é contida
Quando um dia explodirá?
Complexos, dúvidas
Medo, incredulidade
Tantas adversidades
Ainda estão só em mim

PARNAÍBA II


Parnaíba,
Futebol na praça
Havia um poste no meio
Do nosso grande campo de areia
Quando lá estávamos
Eu e os meninos da rua
Aquele era o maior estádio...
Os ônibus passavam
As motos e carros passavam
E a bola seguia seu curso

Parnaíba,
Praia no fim de semana
Ir até Luís Correia
Fazer castelos de areia
E apostar uma corrida até o mar
(O mar limpo e a areia nem tanto...)
Socar e chutar as ondas
Depois comer caranguejo

Parnaíba,
Feira no Porto das Barcas
Incessante Igaraçu
Quase ninguém mais pescava
E lá a noite chegava
Eu via o Bumba-meu-boi
Comia típicas comidas
A arte da terra apreciava

Parnaíba,
Tuas ruas, tuas praças
Ainda conservam poesias
Ainda és uma bela cidade
E de ti guardo as saudades
Pois teu chão foi o primeiro
A ver meus pequenos passos
Vistes toda a minha infância
Vistes minha primeira vida
E um dia a ti ainda retorno
Volto para aí viver
Mais outros felizes dias.

AULAS DE VIOLÃO


Todo poeta merecia
Um violão para tocar
Suas belas poesias
Em música transformar

Tentei tocar violão
Fui à aula de violão
De tão grande a intimidade
Logo um foi parar no chão...

Coitado do violão
Foi cair em minha mão
Quebrou-se uma corda
Quanta distração!

Deixaram-me pegar outro
Aquele era de canhoto
O professor era louco
Deu-me outro violão...

Mas não vou desistir
De aprender a tocar
Já aprendi algumas notas
Na outra aula estarei lá!

PARNAÍBA

Amada Parnaíba
Agora tão distante
Como de ti me lembro
Minha terra triunfante

Lembro de minha infância
No teu seio acolhedor
Brincar sem nenhuma ânsia
Vida cheia de amor

Lembro da inocência
Da minha ingênua vida
Daquela pura essência
Na cidade querida
Naquela convivência
Amada Parnaíba

A PROSTITUTA


Mulher do mundo atroz
Feroz, vil, humilhante
Andante das ruas
Nuas tuas pernas
Acalentam tarados
Homens mal-amados
Que teus seios sugam
Babam em tua boca
Gozam em tua face
E tem os prazeres
E tu, o que queres?
Trocados restantes
Da noite da cidade

sábado, 2 de agosto de 2008

BELEZA NAS ARTES

(Seria impossível achar alguma imagem...)

Farei um poema para exaltar tua beleza
Mas letras não bastariam
Farei uma pintura para exaltar tua beleza
Mas cores não bastariam
Farei uma escultura para exaltar tua beleza
Mas formas não bastariam
Nem que fossem gigantescas
E farei uma música para exaltar tua beleza
Se a melodia for tão bela quanto tua alma
Ecoará por todo o universo...

O NEVOEIRO


Meu amor tão contemplativo
Meu amor tão temeroso
Minha vida tão solitária
Como a de tantos que "vivem"...

Nem sequer tenho um objetivo
O futuro está embaçado
Vejo só a densa névoa em minha frente
Mas isto é o que a alma vê...

O resto é apenas resto
Mesmas ações habituais
O que me importa em mim
É aquilo que os olhos não vêem
Nem sequer imaginam
É o universo interior
A única coisa diferente
E que sempre está em pânico...

SOLIDÃO E MEDO


Só há pedras no caminho
Dos que querem caminhar
E eu, este temeroso tolo
Acomodei-me sempre a este lugar

Lugar solitário, escuro
Não tenho luz, não tenho nada
Minha flor ainda procuro
Mas não vou até o jardim...

E nesta vida, passou o tempo
Tempo e espaço, agonizantes
Joguei meus versos ao vento
Nunca os leu a flor distante...