segunda-feira, 28 de abril de 2008

O RITMO DAS HORAS


tic-tac
tic tac
tic, tac
tic; tac
tic. tac
tic,; tac
tic,;.! tac
Meu relógio não faz tic-tac
Mas as pancadas da lentidão das horas
Martelam minha alma da mesma forma.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

O DELÍRIO II

(DEPOIS POSTO "O DELÍRIO I")

Não me desiludo
Só me desespero
Porque a espera é enorme
Espera pelo quê?

Tanta agonia, por quê?
Uma impaciência...
Espera, a vida um dia chega
Ela um dia também vem
Nas mãos de quem?
Virá só?

Trará mais dor?
Mais agonia à existência?
Quem sabe, paciência...
Um dia a luz ilumina
Sem fazer nenhuma sombra.

SENSAÇÃO DO NADA


Acordei sem atritos
Sem maiores pensamentos
Acordei leve, leve
O sol não entrou na janela
Entrou apenas claridade
Refletida pelo muro
Acordei sem maiores emoções
Sem sorriso, sem lágrimas
Acordei meio vazio
Não lembrava do que havia feito
Feliz fiquei por isso
Não tinha compromissos
O tédio era bom
Pois ainda era manhã
Acordei leve, leve, leve
Poderia eu flutuar?
Ah... doce sensação do nada...

terça-feira, 22 de abril de 2008

AMOR


Fazer de um tudo para ser percebido
E nada fazer para ser
Tudo tão pequeno e simples
Um rápido olhar vago
Um toque, uma palavra
Um assuntinho bobo
Tentar se aproximar...

Um sorriso por nada
Só por ver a pessoas amada
Só? Ela é tudo...
É o que faz acordar
E o que não deixa dormir
O sofrer, memso grande, é bom
Mesmo duradouro
Sabe-se que ainda se sente
Um amor por alguém
Sabe-se que ainda se é humano
E que ainda se ama!

Que me importam os conquistadores baratos?
Eles que se contentem com os beijos secos
E com o sexo animalesco
Que me importam os rótulos de ridículo?
Ainda amo
E isso é tudo!

ONDE ESTÁ A VIDA?


Tenho vontade de viver
Onde está a vida?
Na música? Nos versos?
São tantas as perguntas
Quem souber a resposta
Por favor, me diga

A vida está no trabalho?
Seis horas para dormir
Dezoito prar trabalhar...
Ciclo, ciclo, ciclo, ciclo.

Onde está a vida?
Nos campos? Nas cidades?
No abstrato? No concreto?
Qualquer destino me parece incerto

A vida está depois da morte?
Só existirá por lá?
E aqui, o que ainda faço então?
Há que se viver aqui!
Mas onde está a vida?

NORMAS


Algo mais não há nos rostos
Não há mais algum mistério
Tudo estático e banal
Fingindo velocidade
Mas por incrível que pareça
Realmente são velozes
Fugazes, triviais, normais
Demais...

MEU VIOLÃO



Meu violão não gosta de mim
E também não gosto dele
Nunca soube afinaá-lo
E nunca obtive dele
Algum som apreciável

Mas ele que não se engane
Estás a me ouvir, violão?
Não te enganes comigo
Teu molde não é perfeito
Tua madeira está a empenar
Tu estás todo torto!
Mas irei te dominar

Meu violão me imita
Pois é muito temperamental
Ai, ai, negro violão
Não tem corda de metal
Pois o maior desejo dele
Era meus dedos ferir
Já frustrei meu mui amigo
Fique aí, que fico aqui!

quinta-feira, 17 de abril de 2008

HOMEM MORTO


Sou um homem morto!
Quem foi o desgraçado que me trouxe a morte?
Desgraçado és tu, ser inútil!
Fui eu que me matei...
Sou eu que mato todos os dias
No primeiro minuto da manhã.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

TERESINA


Passam os carros na avenida
Passa um homem ao celular
A gritar e a gritar
E por lá passam as vidas

Passam meninas do colegial
Dezenas, centenas, milhares
Fica o perfume nos ares
Ficam seus passos na cal

Passam na Frei Serafim
Homens, mulheres, crianças
Do meio-dia a dança
O compasso passa por mim

E a avenida entardece
E junto vai Teresina
Em sua lida vespertina
Continua com sua prece

E a "cidade menina"
Vê então a noite chegar
O centro a se esvaziar
Mais um dia que termina...

VIDA À VENDA


Prefiro compor a comprar
Pois compondo
Posso eu me libertar

Pois eles comprarm por nada
Uma reles inovação
Uma floresta devastada

Um desfile de sacolas
Todas abarrotadas
De lixo futuro
Pois a moda passa...

Para lá e para cá
Os relógios a marcar
A hora de ir embora
Quanto amor! Quanta emoção!

Vou embora, pois prefiro
Prefiro compor a comprar
Eu prefiro imaginar
A ter que ver tudo por fora

Vou embora, pois preciso
Pra compor, de algum lugar
Eu preciso delirar
Para sair disto tudo

Vamos, vamos, vou embora
Vou sair daqui agora
O que vocês ainda fazem?
Parem de olhar este vidro!

Vamos lá, vidas vazias
Vamos, faça uma poesia!
Tente hoje abstrair
Tente hoje sair daqui!

O VÔO DA LIBERDADE


Desejo ser livre
Mas não livre como a águia
A águia não é livre!
Quer voar sempre mais alto
Sempre mais alto que os outros
A águia é forte, vigorosa
Pelo menos aparenta
Porém não tem cores
E nunca cantou

Desejo ser livre
Mas livre como os pequenos
Livre com os pequenos
De grande coração
Que voam juntos
Araras coloridas, rouxinóis, sabiás
Com estes quero voar
Pois estes sabem cantar!

ROSA DE PRATA



Há tempos assim não te via
Assim brilhante, assim formosa
Quarto crescente, pétala de rosa
Tão prateada de magia...

Noutros tempos, tua cor
Era tão cinza e sem brilho...
Mas hoje me maravilho
A avistar teu esplendor

Lua minha, noite adentro
Vejo-te do céu no centro
Fico pasmo a observar

Lua minha, a bel-prazer
Ficas a me enlouquecer
Ficas a me encantar

quarta-feira, 9 de abril de 2008

DESCULPE



Meu Português
É uma lingua morta
Que escreve poesia torta

Frustrado...

Sem querer bate a porta
E diz:
- Fala mais baixo, tem gente querendo dormir.

EXPERANÇA


Triste, triste, demasiadamente triste
Por dias e noites, perene sofrer
Alma perturbada, a querer viver
Querendo ver algo no nada que existe

Já cris crer, um dia, no mundo que assiste
À destruição permanente do ser
Ser que hoje vive para perecer
Vítima e culpado, por hora desiste

Desiste da vida que antes lhe sorria
Do mundo que jaz, hoje sem fantasia
Desiste e morre, quando irá acordar?

Mundo maquinário, maquinário mundo
Não estás a ouvir teu lamento profundo?
Quando irei em ti de novo acreditar

LIVRE

Veja o carro derrapando!
Ouça a moto ensurdecedora!
Veja os gatos des
pencando nos telhados
Ouça o tintilar dos copos
Veja os cacos pelo chão
Veja a rebeldia deles
Sorva o cheiro deste líquido
Seis bilhões de dimensões
Algumas incontinentis
Pandemônio feliz
Veja a ressaca dos mares
E estes corpos pela praia
Todos livres no abstrato
Todos nus pelo concreto
Abracemo-nos agora
E não vejamos mais nada

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Ainda vamos...



Ainda vamos correr contra o tempo que passa,
Acabando num instante os sonhos...
Navegando meus desejos nesta lama
Jurando para os deuses o que não faço
Para sempre moldar o espaço que disperso...
As viagens são curtas, e não me levam a nada
Eu vou continuar a amar o meu lugar
Tentar lutar para não errar.
Sentir como foi o amanhecer sem o sol
E dormir sabendo que o amanhã não irá acontecer!
Foi fantástico respirar o ar puro das matas
Agir como criança desvairada para não crescer
Fugir das palavras amargas e ver
que poderia ter sido de outra forma...
Não iremos mais voltar a viver!
Ainda vamos dizer: __ Por que?
Será tarde e talvez cedo demais,
mas vamos dizer:__ Porque...
Tentar explicar o medo do segredo,
De nossas vidas serem um defeito.