quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Essa gente?

Não vagarosa, célebre ou indomada
Desconstruída,
Invisível e ao mesmo tempo alimentada.

Coitada daquela,
De pés rachados, dentes pretos
Que como comida,
Apenas a farinha, a água e o sal.
Deliciam-se como que por um instante
Sanasse a dor de uma vida.

Aquela gente tão sofrida.

A margem de toda a sociedade
Onde lhe tiram a água,
O bem vital do ser humano,
E no lugar lhes dão promessas descabidas.
E como se suficiente não fosse,
Ao pior, a água vira mercadoria e é vendida

Aquela gente tão sofrida.

Aquele agricultor,
Do sertão, do semi-árido.
Que ora Deus que a chuva caia,
Que planta em seco e sob pedras.
E que em tempos de escassez
São esquecidos, renegados,
Anti-humano, ente desalmado.

Bandido mascarado.

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