domingo, 14 de março de 2010

Eu aprendi com o Valcian

Eu tenho medo da tecnologia
Medo que ela acabe a poesia
Medo desse ritmo sem melodia
Que nem tem luz nem harmonia

Eu tenho nojo da ideologia
Que rima Marx com burguesia
Que junta amor com hipocrisia
E sexo com apologia

Eu tenho pavor da bio-socio-logia
Que penetra o útero sem passar pela vagina
Que rima infantil com homicida
E Brasil com Palestina

Eu tenho pena dos babacas
Das pobres matérias sem almas
Dos que gozam pelas nádegas
Dessa prostituta dita pátria

Eu tenho compaixão da galinha
Que põe ovo todo dia
Que alimenta tanta barriga
E que no fim também é comida

Eu tenho pena da criança
Das vitimas da esperança
Da sínica (des)confiança
Do futuro d’uma aliança

Eu tenho fobia do sistema
Que mistura clara com gema
Que dita à dura num poema
Censurando até telefonema

Eu tenho medo dos meninos
Dos que seguem sem destino
Dos pobres e dos ricos mendigos
Desse per-fuma-dor-fedido

Eu acho graça do alienado
Que rima hetero com veado
Que rima homem com macaco
E engoli até o esperma do gado

Eu acho graça dos sábios
Que zombam dessa rima
Porque rimo medo com azia
Só pra num perder a poesia

Eu aprendi com o valcian
Que rima bosta com maçã
E que no fim de toda manhã
Acredita nessa filosofia vã

Eu amo todos os meus inimigos
Que se incomodam com meu pinto
Só por ser um grande pinto
Que num aço e nem cuzinho

Eu quero mesmo é poetar
Que é melhor que punhetar
Nada deve relaxar
Nem espermentrar gozar

Eu tenho medo de cegar
Quando a luz do sol raiar
E o mundo todo escutar
O que eu tenho pra falar

Mais uma vez eu acho graça
Dessa gente boba e palhaça
Que acha a rima tão sem graça
Se não tiver nela cachaça

Eu gosto mesmo é da cegonha
Que não teve nem vergonha
De gritar sem cerimônia
Que fumava só maconha

O quê que importa a politizada
A mulher feia e esclerosada
Que num conta nem piada
Se o que vale é a gozada

Eu rimo TV com BBB
Duas siglas pra idiota ler
Pra descer as calças sem perceber
Que até com areia querem meter

Eu admiro a hipocrisia
Que converte todo dia
O mais nobre em parasita
Numa festa de alegria

Eu creio mesmo é na verdade
Que grita por toda cidade
Em nome da liberdade
Senhora da humanidade

Eu quero mesmo é me opor
A todo esse horror
Que se finge de amor
Pra destruir o que é pudor

Eu quero ter mesmo um pré-conceito
Melhor que essa falta de conceito
Dessa globalienação (dês)respeito
Que do conceito tem pré-conceito

5 comentários:

  1. sabe confesso que não gosto de poesia, não gosto de poetas, não gosto nem de vc nem de mim.
    mas faço e escrevo algumas "bobagens" (ironia socratica)
    que por sinal agrada poucos. poucos... pq não é todo mundo que entende. nas minhas poesias a mensagem nem sempre é o que tá escrito e isso é o divertido.
    já a sua eu vejo de cara e nem tem graça.
    no entanto... tenho curiosidade pelo pinto grande.
    bjo!

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. hsuahsuahsuhahsu só num vou dizer que te mostro o pinto pq não conheço a galinha. mas, em uma coisa eu combino com vc, não gosto de poetas e nem de poesias, mas eu me adoro! resolva o seu problema e escreva uma poesia tbm! qr dizer eu não faço poesias, eu faço protestos!e escreva de forma clara e intencional, essa parada de dizer o que não quer, pra dizer o que quer, não existe! a verdade é q vc ainda não sabe o que diz. bjo! se vc for uma gatinha qm sabe eu te mostre o meu grandioso pinto! kkkkkkkkkkkkkkkkk
    Abç

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  4. querido,
    não. não cobinamos. não tenho asas nem bico, cloaca ou algo parecido.
    e não sei mesmo o que eu digo.
    posso dizer algo aqui, e lá mais na frente dizer outra, só pra me dar bem. hipocrisia? sim. e de familia.
    depene seu pinto e cozinhe em "BANHO MARIA".
    arghhh!
    e chega! vc já teve muito de mim.

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  5. Poesia fodástica! De que importa a hermeneutica se você pode ser visceral? Isso que é fantastico! A pulsação, a vida, a poesia que mata os velhinhos academicos mumificados em seus tronos de poetas oficiais!
    A graça da poesia não está em ser contestatória, estilistica, academica, a graça da poesia é ser poesia por que o poeta quer!
    Dessacralizar essa linguagem que nos açoita dia-a-dia, usada por esses falsos poetas que confundem signo e linguagem!

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