segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

ÓDIO

Furioso, possesso de raiva
Saindo da razão
Ninguém me entende
Ninguém se importa

Não indague por que
Não tire de mim
O que não posso dar
Só desprezo pelo mundo

Não procure alguma métrica
Não acharás rima rica
Nem linguagem de poeta
Nesta vida condenada

Ao marasmo, ao fracasso
Tédio e melancolia
Mas esta é a minha sina
O meu destino sem sol

Sem amor, sem ninguém
Seus olhos vêem apenas
Aquilo que o espelho vê
Apenas a luz de fora

Mas agora a luz é negra
Mesmo que isso não exista
É escuro e tão quente
Podem sair alguns ratos

Não fique tão preso agora
Procurando entre as linhas
Algum sentido escondido
Ou belas frases de amor

A vida que me derruba...
Agora não mudo o foco
Do poema amargurado
Cheio de ódio nas letras

Você sabe, mas não muda
Inteligência, inconsciência
Não aprecia belas artes
Vive na escuridão

E o dedo ainda é nervoso
Nesta noite de novembro
Sem chuva que me aclame
Sem lua que me ilumine

Ao inferno com padrões
Mesmo que ainda os siga
Todas as grades de vento
Condenam todas as almas

Quebrou o ritmo ao ler?
Pare, pense, não critique
Só o que sabes fazer
Por que não aprende a escrever?

Mas este dom não é seu
Este dom nunca foi meu
Um dia posso cansar
De brincar sem alegria

Mas ainda estou no lodo
Delirando em mar de ódio
Se quiser alguma rima
Faça seu destino próprio

Se não sei
Por que escrevo?
Pois já cansei de falar
Que ninguém se importa mesmo

Estou escrevendo pra mim
Mas não um bobo diário
Só relatos de uma vida
Não sei quando irei morrer

E se morresse amanhã
Não estou mudando o foco
O que tanto eu deixaria
Só mais essas letras tristes

Como deixaria muito
Ah! Que vida tão inerte
Não trabalho, não estudo
Só tenho o lápis na mão

E com este lápis na mão
Depois me arrependerei
O meu ódio amenizou
Mas ainda desenharei

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