quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Fantasmas

Fantasmas assustam.
Quantos fantasmas me assustaram durante a vida.
É ruim por dentro, mas inevitável. Às vezes sobe com força querendo causar nauseas.
Bem que seriam uteis essas nauseas, se pudessemos direcionar o vômito em cima de tais fantasmas.
Deixá-los, imundos, fedorentos. Destruí-los de nós mesmos.
Destrui-los da forma que quisessemos.
Cuspir, pisar, chutar.
Tenho medo de mim mesmo, de meus delírios e vontades guardadas.
Sou frio, violento.
Violento com as minhas negações. Com meus conceitos pré elaborados.
Se não aceito, quero extremo, quero fim do que não aceito.
Me perco na loucura que me move.
Me alimento e me perco.
E não consigo viver sem.
Se julgam que eu falo, enganam-se. Não falo um terço do que vem por dentro.
Se falasse, eu mesmo me perderia nas palavras e no tempo desses pensamentos.
Uma coisa fala: meus olhos.
Certo de quando olhados de verdade, eles mostram muito. Desdenham, renegam, ironizam.
Ah olhos os meus!
Já ouvi uma vez sobre medo. Medo deles.
Eu ri. Não é um medo absurdo.
Aprovo o medo.
Não sei se é lamentavél que tudo permaneça ali. Talvez melhor.
Caso contrario eu já teria destruído muito dos outros e até de mim mesmo.
Fantasmas me testam a paciência ao doer.
Paciência ao pensar em ações e guardá-las.
Em calcular e guardar.
Em executar na mente.
E guardar.
Lamento fantasmas, tirem o dedo do fundo meu peito!
De minha carne.
Fantasmas?
Me são apenas testes.


Fernanda Paz

Um comentário:

  1. "Me perco na loucura que me move.
    Me alimento e me perco.
    E não consigo viver sem."


    Cada linha dessas fala um pouco de mim. Mas isso nem é novidade. Nem me assusto, lendo Fernanda Paz o que se pode esperar é alguém que nos entenda.

    ResponderExcluir