sábado, 29 de dezembro de 2007

POR TRÁS DO ESPELHO

A vida passa por mim
E eu não passo por ela
Mais um ano se passando
Mais um ano igual ao outro
Só a idade aumentou
Não sei se a maturidade
Outro ano sem emoções
Outro ano vegetativo
Hibernando sem dormir
Os segundos se esgotando
A agonia aumentando
Sem saber para onde ir
Estático o tempo todo
Como um girassol eterno
Girando em torno dela
Outro ano de amor em sonho
Mais uma ilusão platônica
Só o remorso aqui no peito
Um grande arrependimento
Por este grandioso medo
De mostrar os sentimentos
Sou uma guerra sem trégua
O amor contra a timidez
Travando duros combates
Sempre com o mesmo final
Outro ano em que sinto
O meu sangue se esvaindo
Até quando restará?
Vivendo só por viver
Sem motivos aparentes
No meio de toda a gente
Assisto pela janela
Toda a movimentação
Sem mostrar ocupação
Geralmente me encontro
Sozinho e prostrado em casa
Sem ter a quem ouvir
Sem ter a quem falar
Mas não penso em desistir
Tirando a vida de mim
Porque às vezes tenho gosto
De assistir o espetáculo
Jogo de cartas marcadas
E papéis já definidos
A miséria dos humanos
E a sua decadência.

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