sexta-feira, 7 de junho de 2013

Li

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Li Teresina
Li esta cidade minuciosamente
A leio desde que nasci
Cidade-pessoa
Somos do que somos feitos
Não precisei ler três vezes
Pra responder a questão
Li Teresina
Li terra quente
Que racha o chão
Li povo quente
De bom coração
Cidade imperfeita
Cidade-pessoa
Tudo bem
Porque não sou lá essas coisas
Não sou tão bom assim
Mas leio muito bem
Li Teresina quando era
Cidade-menina
Eu era menino
Voando sobre ti
Em carrinhos de rolimã
Li Teresina
Li num-se-pode na Praça Saraiva
Depois que cresci
Fomos pra lá namorar
Eras menina e foi nesse tempo
Que eu mais te amei
O inverno começa mais tarde
Águas de Janeiro
Viraram águas de março
Prendi a respiração
E pulei no Poty
Da ponte da primavera
O medo me tripulou
Mas pulamos
Li Teresina
Ainda menina
Brincando à noite na rua
Chuta latinha ou passe o anel
Tempo de inocência
Li Teresina
Nas mesas de quadrinhos
Na praça Pedro II
Cidade de um cinema só
Uma rodoviária só
Um aeroporto só
Um mercado velho só
Um museu só
Um povo só
E um povo só
Éramos tristes estatísticas
Nos livros de geografia
Mas éramos muito felizes
Não há tempo
Não há tempo
Não há tempo
Pra falar tudo que li
O mundo pós moderno
Urge e ruge
E te transforma
Malditas urbanidades
Cicatrizes na cara da cidade verde
Não vou falar disso agora
Não do que leio
O olho que nunca dorme
Está olhando nossa cidade
Céu cor de chumbo
Maquiagem pesada
Nada de presente
Nada de futuro
Vejo o futuro
Minha a mão enrugada
Segurando a tua
Li Teresina
Quis falar do que li
Do que vi
E vivi
Tempo de manga e caju
Que não volta mais




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